A Póvoa de Varzim fica paredes meias com Vila do Conde, e para quem vem do Porto depois de passar a primeira, tem dificuldade em aperceber-se que já está na Póvoa, tal é a continuidade entre as duas localidades.
O casario da Póvoa de Varzim estende-se a quinze metros de altitude, bem junto ao mar, numa extensão de dois quilómetros no sentido norte-sul, encontrando-se cingido por uma cintura de campos muito férteis em culturas hortícolas. A Póvoa de Varzim é formada por uma só freguesia mas dispõe de três paróquias, a de Nossa Senhora da Conceição, a de Nossa Senhora da Lapa e a de São José.
A Póvoa, como é vulgarmente designada, e sendo a principal localidade entre todas as portuguesas que ostentam este vocábulo na sua designação, tem uma das praias portuguesas mais concorridas. Além de ser um centro comercial e pesqueiro, a Póvoa de Varzim tem também indústria, nomeadamente tradição na indústria de cordoaria.
Dispõe de excelentes vias rodoviárias, de via-férrea que a liga ao Porto e a Vila Nova de Famalicão, e de porto de pesca.
O porto de pesca data do fim do século XVIII e foi construído aproveitando uma enseada natural com alguns leixões integrados na construção de um molhe com duzentos metros de extensão, posteriormente bastante ampliado e reforçado.
Breve História da Póvoa de Varzim
O primeiro núcleo populacional da Póvoa de Varzim de que há memória, ter-se-á localizado no lugar de Argivai, como parece deduzir-se dum documento do século IX, tendo a designação de Villa Euracini. No século XI a povoação surge já com o topónimo de Poboa de Verazini. Durante o século XII o povoado passa a predominar nas vizinhanças do oceano. A vila da Poboa a 9 de Março de 1308 recebe foral de D. Dinis que a entregou a seu filho bastardo Afonso Sanches e este por sua vez doou-a em 1318 ao Mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde.
Os moradores da Póvoa readquiriram a sua autonomia com D. Manuel I que deu à vila foral novo a 25 de Novembro de 1514.
Pouco depois foram construídos os Paços do Concelho, a Misericórdia e a igreja, que imprudentemente foi demolida em 1909.
Núcleo piscatório e rural, a Póvoa de Varzim no século XVIII passou a ser também centro industrial e de veraneio, tornando-se importante estação balnear a partir da inauguração, em 1875, do caminho-de-ferro que ficou a ligar a Póvoa ao Porto.
Em 1947 foi elaborado o primeiro plano de urbanização e em 1965 surgiu o primeiro edifício com mais de três andares.
A partir de então a Póvoa conheceu um notável surto urbanístico com a edificação de grandes edifícios públicos e unidades hoteleiras.
Registe-se ainda que a Póvoa de Varzim foi elevada a cidade em Junho de 1973.
Património Monumental da Póvoa de Varzim
A cidade não é rica em monumentos. São outras as suas riquezas. No que à monumentalidade diz respeito, defronte do pequeno porto de abrigo encontra-se o castelo ou fortim, de planta pentagonal com quatro baluartes, construído entre 1701 e 1740.
A igreja matriz, com abóbada de berço e fachada barroca com duas torres sineiras, ficou concluída em 1743.
Os Paços do Concelho, com a sua robusta arcada, datam de 1797.
Outros templos: as Igrejas da Senhora da Lapa (século XVIII), da Misericórdia, do Coração de Jesus (primeira metade do século XX) e de São José (meados do século XX), e as Capelas de Nossa Senhora das Dores (século XVIII) e de São Roque (século XVI).
Entre os edifícios civis merece referência a casa brasonada que pertenceu aos condes de Azevedo e agora alberga o Museu de História e Etnografia. Junto à casa onde nasceu Eça de Queirós encontra-se o monumento em sua honra, da autoria de Leopoldo de Almeida.
Ainda de interesse são as ruas típicas do Bairro dos Pescadores. Em Argivai, dois km a nascente, pode ver-se em ruínas o aqueduto (século XVIII) que levava a água de Terroso para Vila do Conde. No alto de Martim Vaz conservam-se ruínas duma villa romana.
Museus e instituições de ensino superior
O visitante não deverá faltar a fazer uma visita ao Museu Municipal de História e Etnografia, inaugurado em 1936. Valioso sobretudo pelas peças relativas à actividade pesqueira, como sejam os barcos e seus apetrechos, as marcas, os trajos dos pescadores e as manifestações ingénuas das crenças religiosas.
Figuras ilustres da Póvoa
Entre os poveiros ilustres surgem os nomes do lobo-do-mar conhecido por Cego de Maio (1817-1884), o escritor Francisco Gomes de Amorim (1827-1891), o já mencionado grande vulto da Portugalidade – o romancista Eça de Queirós (1845-1900) e o etnógrafo António da Rocha Peixoto (1866-1909).
Artesanato Festividades de Gastronomia da Póvoa
No artesanato é característico da Póvoa de Varzim o fabrico dos apetrechos de pesca, os tapetes de Beiriz e as mantas de Terroso (manufacturas outrora florescentes).
A principal festividades da Póvoa de Varzim realiza-se a 15 de Agosto em honra de Nossa Senhora da Assunção, cuja devoção se encontra muito arreigada principalmente entre os pescadores desde há muitas gerações.
Data de 1758 a origem da solene Procissão dos Passos ou Procissão das Lanternas que realizada anualmente no sábado anterior ao penúltimo domingo da Quaresma. Na gastronomia, são típicos a caldeirada de peixe, a pescada à poveira e a açorda de marisco. No domínio da doçaria são características as rabanadas poveiras, beijinhos e bolachas.
Mais para ver na Póvoa de Varzim
Se gostam de apreciar paisagens, saiba que o melhor miradouro da região encontra-se em Laundos, 7 km a nordeste da Póvoa, no monte de São Félix, que conta com 202 metros de altitude. Os tradicionais moinhos de vento foram aqui transformados em moradias de veraneio.
A praia da Póvoa de Varzim é a mais frequentada do Norte do País, tradicionalmente escolhida pelas gentes do interior de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes. A cidade além de uma oferta considerável em termos de alojamento hoteleiro, possui ainda o casino que atrai muitos amantes do jogo e da diversão em geral.