Este é um percurso para não respeitar. São naturais as demoras e decisões ditadas pelo fascínio que a neve, altitude e os contrastes da paisagem exercem sobre cada um. Haverá ainda quem, de olhos no céu, tente descobrir o perfil das grandes aves de rapina que teimam em sobreviver na Estrela. Quanto aos ouvidos, esses podem descansar: aqui os lobos já não uivam há muitos anos e a tranquilidade do silêncio, grande aspiração de quem vive em bulícios citadinos, impera.
Mas a calma é aparente e por isso ilusória: tudo aqui é grande, desmedido, exaltado ou gerador daquilo a que Jaime Cortesão chamou espessa tristeza quando, num passeio entre Gouveia e Covilhã, entreviu a paisagem talhada pelos glaciares, os casebres de pedra solta e, é claro, aqueles que vivem na e da Serra, inventando indústrias e leiras entre granito.
No entanto, dêem-se as voltas que se entender, será imperdoável partirmos sem ver a Estrela coberta de branco, sem lhe entendermos a atracção diante da superfície inquietante das lagoas geladas, sem lhe adivinharmos a capacidade de renovação diante das múltiplas e fecundantes nascentes de água e, é claro, sem lhe provarmos o sabor, encerrado, como se fosse um tesouro, na casca de um Queijo da Serra.
Neste trabalho é apresentado não só um itinerário turístico, como também se apresenta todo o enquadramento da região, termos climatéricos, fauna e flora de modo a que, na deslocação à região este trabalho sirva de Guia Turístico não só para cumprir o que aqui é proposto no itinerário mas também que haja, se assim for o desejo, uma “fuga” a esta proposta.
É possível que estas fugas tenham origem devido à beleza única presente na Serra da Estrela e assim o turista consiga um melhor apoio por parte deste Guia.