A Catedral de Santiago de Compostela prima pela sua grandiosidade, para além, claro está de todo o fervor fé e emoção que inspira. São entas muitas as capelas que compõem o seu interior. Tantas que merecem um artigo destacado dos demais, nesta composição de percursos dedicada a Santiago de Compostela.
Capelas da nave principal
Muitas das capelas da planta românica original foram acrescentadas ou restauradas ao longo dos séculos, até chegar às 16 actuais. A elas se juntam a cripta apostólica, a cripta do Pórtico da Gloria e uma paróquia independente chamada Corticela.
No braço principal abrem-se 4 capelas, nenhuma pertencente à planta românica: as da esquerda são: a capela da Comunhão, de estilo neoclássico, e a do Santo Cristo de Burgos, do séc. XVII. As da direita, construídas com o claustro do séc. XVI, eram destinadas para albergar as colecções de relíquias, o Panteão Real e o Tesouro do Museu Catedralício, sendo necessário pagar entrada do museu para visitá-las.
Capelas da girola
O percurso pausado pelos braços do cruzeiro e da girola permite admirar arquitecturas e peças artísticas de diferentes épocas, especialmente nas capelas, onde peregrinos de diferentes nações se encontram com os santos da sua devoção. As cinco capelas originais da cabeceira e as quatro absides dos braços transformaram-se em notáveis capelas, algumas das quais mostram a sua estrutura românica com retábulos e ornamentos góticos, renascentistas, barrocos o neoclássicos.
Na girola temos, da esquerda para a direita, as capelas de S. Bartolomeu S. João, de planta românica; e Santa Maria a Branca, do grémio dos artesãos de prata. No centro da girola podemos ver a capela do Salvador, onde começou construção românica em 1075, segundo a legenda que nela se conserva. Era lá que os peregrinos recebiam a Comunhão e se lhes entregava a carta credencial da peregrinação. Ao lado temos a Porta Santa, que se abre exclusivamente nos Anos Santos para que os crentes que nela entrarem possam ter absolvição plenária, depois de confessar-se e comungar.
As capelas a seguir e em direcção ao sul são Açucena, de planta românica, e a de Mondragão, com uma Descida de terracota do s. XVII. No extremo directo do deambulatório vemos o rico barroco da capela do Pilar, decorada com mármores e jaspes e motivos relativos à peregrinação, como as vieiras e a cruz de Santiago.
Capelas do cruzeiro
Partindo da girola para a porta de Pratarias vemos o sepulcro do bispo que descobriu as relíquias jacobeias, Teodomiro (s. IX), junto à saída do Pórtico Real (hoje loja da Catedral) e logo a seguir uma pia de baptismo do séc. XI. Em frente temos o Tímpano de Clavijo – primeira representação conhecida de Santiago Mata-mouros no sec. XIII- e duas portadas platerescas: a do claustro e a da sacristia.
Do lado contrário, indo para a porta da Azevicharia, vemos que cresce o número de capelas: a da Conceição – com uma virgem do séc. XVI-, a do Espírito Santo – gótica ampliada no séc. XVII-, a entrada a Corticela e as capelas de Santo André, S. Nicolau e Santo António. Do outro lado temos um pequeno altar de Santiago Mata-mouros (séc. XVIII) e a capela de Santa Catarina, que foi panteão real.
A capela mais antiga de todas as existentes é a de Santa Maria da Corticela, um oratório beneditino do séc. IX que fora um edifício separado do templo, situado entre a Catedral e a primeira muralha da cidade. Pertencia aos monges encarregues do culto jacobeu, que posteriormente fundariam o Mosteiro de Pinário. A actual capela é obra do séc. XIII e tem no tímpano de entrada uma admirável Adoração aos Reis. Apesar de ter sido unida ao cruzeiro, conserva um carácter de paróquia independente da Catedral e nela se podem realizar os casamentos no templo.