Visitar Caminha

Vila da província do Minho, no distrito e diocese de Viana do Castelo, Caminha é sede de concelho e de comarca. O seu casario espraia-se a onze metros de altitude, na confluência do Rio Coura com o Rio Minho que alarga as suas águas sereníssimas mantendo distantes em cada margem a bucólica e chã vila portuguesa afogada em verdura e o altivo morro cónico galego de Santa Tecla, lá bem em frente.

Forte da Ínsua
Forte da Ínsua em Caminha

Caminha é um centro ainda bastante rural, sendo as suas principais fontes económicas, a agricultura com a produção de milho e vinho, a pecuária com a indústria de lacticínios, o aproveitamento florestal e a pesca. Dispõe de boas vias de comunicação rodoviárias e ferroviárias.

História de Caminha

Numa língua de terra entre o estuário do Minho prestes a lançar as suas águas no oceano e a foz do Coura, no sopé da colina de Santo António, terá surgido Caminha, na Alta Idade Média, como uma colónia de pescadores ou Póvoa marítima.

Mas nas cercanias de Caminha há vestígios de fortificações castrejas — por exemplo no Coto da Pena a sul da vila — e é natural que os Romanos não deixassem de construir um reduto defensivo junto à foz do rio Minho. O topónimo vem já mencionado no século X, embora o povoamento se localizasse um pouco mais para o interior, na área actualmente ocupada pela freguesia de Vilarelho.

No século XII havia na ínsua de Caminha intensa actividade fluvial, marítima e comercial da colónia piscatória que se impunha defender do assalto da pirataria. Daí que D. Afonso III tenha ordenado o enxugo de alguns esteiros com vista à construção duma muralha que cercasse esta póvoa marítima que ele pretendia tornar cabeça de julgado.

Em 1284 D. Dinis concedeu-lhe foral e ordenou o reforço dos muros. D. João I após ter submetido a nova vila, que seguira o partido castelhano, fá-la porto franco em 1390, ao mesmo tempo que construiu uma segunda muralha, mais baixa, envolvendo o circuito ovalado das muralhas mandadas construir por D. Afonso III.

No século XV a cerca defensiva contava dez torres e quatro portas, tendo-se dado início, já no reinado de D. João II, à construção da igreja matriz edificada extra-muros. D. Manuel I concedeu a Caminha foral novo em 1512 e fez reconstruir o Forte da ínsua.

A Guerra da Restauração, no século XVI, obrigou a profunda reforma nas muralhas e baluartes, em especial no Forte da ínsua, de modo a que pudesse exercer com eficácia a sua função de sentinela respeitada na embocadura do rio. Praça de guerra, o seu conjunto de fossos, revelins, redutos e contra-escarpas era constituído por dois polígonos, um mais chegado ao rio formado por cinta angular relativamente baixa, e outro mais elevado centrado na colina granítica de Santo António.

O amplo aterro levado a cabo no último quartel do século XIX para permitir a construção do caminho-de-ferro e da via rodoviária fez desaparecer quase por completo o conjunto das fortificações setecentistas. Praticamente, da antiga praça guerreira chegou aos nossos dias intacta apenas a fortaleza mandada construir por D. João IV, na ínsua, e que alberga dentro dos seus muros um convento, a igreja, o farol e algumas casas.

Património monumental de Caminha

Caminha apresenta-se rica em monumentos. A sua jóia arquitectónica é, sem dúvida, a igreja matriz (1480-1556), de raiz gótica com nítidas aportações manuelinas e renascentistas; toda de granito tem a seu lado uma robusta torre que lhe dá o ar de igreja-fortaleza; o risco é do mestre biscainho João de Tolosa; da autoria de Pedro Galego é a Capela dos Mareantes, datada de 1511.

O interior da igreja, de três naves sem transepto, apresenta uma harmonia impecavelmente lograda na capacidade ampla e luminosa, cheia de equilíbrio e ritmo, enriquecida pela grandiosa obra de alfarge que é o tecto mudéjar.

Posteriores à construção do templo são os azulejos (séculos XVII-XVIII) e as capelas laterais funerárias. Dentro da cerca medieval não são raras as frontarias e elementos arquitectónicos quinhentistas, havendo além disso moradias que mantêm belas varandas dos séculos XVII e XVII.

Fora do recinto amuralhado ergue-se a Igreja da Misericórdia (1551) com portal renascentista e bons altares de talha. Tem junto o edifício da Câmara Municipal, de dois pisos com um tecto de castanho, proveniente do subcoro da igreja matriz, e que constitui um belo exemplar de carpintaria artística do século XVI.

A par dos Paços do Concelho ergue-se a Torre do Relógio (século XV), quadrangular, que fazia parte da antiga cerca defensiva.

Na praça central da vila, chamada vulgarmente Largo do Terreiro, há um chafariz de granito, de meados do século XVI, da autoria do canteiro João Lopes. A mesma praça é aformoseada com o Solar dos Pitas, de traça manuelina, com fachada refeita no século XVII.

Património cultural de Caminha

Entre os filhos mais ilustres de Caminha contam-se o cientista e professor Luciano Pereira da Silva (1864-1926), o presidente da República Sidónio Pais (1872-1918) e o mestre da Universidade de Coimbra Domingos Fezas Vital (1888-1953).

As festas de Caminha são em honra de Santa Rita de Cássia, e efectuam-se no segundo domingo de Agosto. A 1 de Novembro realiza-se a tradicional Feira dos Santos.

Gastronomicamente os pratos típicos de Caminha são o arroz ou cabidela de lampreia, sável de escabeche frito e a os mariscos em geral.

Caminha notabiliza-se também pelas boas condições oferecidas à prática de desportos náuticos, mais concretamente ao remo. Encontra-se em expansão a prática da pesca desportiva; no rio Minho pescam-se trutas mariscas; no estuário abundam os robalos, sabogas e tainhas.

Locais aprazíveis em Caminha

A quatro kms de Caminha ergue-se o Forte da Ínsua ao qual se tem acesso apenas por barco. O Forte está construído sobre um ilhéu pedregoso, tendo junto da guarita de noroeste um farolim. A cinco quilómetros a sudoeste encontra-se o Monte de Santo Antão onde apesar da altitude não ser muito elevada – apenas de 280 m, se vislumbra um panorama de uma beleza inesquecível.

Um pouco mais a sul de Caminha estende-se a Serra de Arga encimada por um deslumbrante planalto a 800 m de altitude donde se abrange toda a Ribeira Lima. Outras visitas turísticas obrigatórias são ainda as Azenhas em Vilar de Mouros, e a Fraga-Portela.

Quatro  kms a sudoeste de Caminha, na orla marítima, estende-se em meia-lua, numa extensão de dois quilómetros, a requintada Praia de Moledo do Minho, a mais setentrional da costa portuguesa. No interior, a norte domina o Pinhal do Camarido, uma frondosa mata nacional com a área de uma dezena de hectares, cuja criação se deve ao rei D. Dinis. No interior do Pinhal do Camarido funciona um excelente parque de campismo, muito frequentado sobretudo por estrangeiros.

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