Se é apreciador da Natureza e mais particularmente de aves, então esta etapa do percurso por Aveiro é para si. Regressar ao cais de embarque em São Jacinto e fazer a travessia de barco para Aveiro.
A partir de Aveiro tomar a E230 para Águeda. A seguir à povoação de Eixo virar à esquerda (E230-2) no sentido São João de Loure prosseguindo na direcção de Angeja (IC1).
Prosseguir pelo IC1 em direcção a Estarreja. Ao chegar a Canelas ter em atenção uma placa que indica para a esquerda Apeadeiro de Caminha de Ferro; ao chegar à linha de caminho-de-ferro deverá seguir-se para a esquerda até uma passagem inferior junto ao esteiro de Canelas onde se deixa a viatura.
Prosseguir a pé ao longo do esteiro. Dentre os vários caminhos alternativos, prosseguir pelo mais elevado pois permite uma melhor fruição de uma paisagem pouco comum em Portugal: o bocage.
Trata-se de uma estrutura de campos fechados por sebes vivas dominadas por salgueiros e aqui parcialmente alagados durante o Inverno. Este conjunto de habitats palustres e ripícolas é especialmente favorável para as aves. Na Primavera saem das sebes os acordes melodiosos das toutinegras, felosas, e papa- amoras. Nas valas de caniços ouvem-se os monótonos e repetitivos cantos do rouxinol-bravo, do rouxinol-grande-dos-caniços e o grito de alarme das galinhas- de- água.
Por todo o lado ecoam os sons de pequenos habitantes em fuga à nossa passagem, perceptível no restolhar das ervas e no baque cadenciado das rãs ao desaparecerem na água.
Observação de Aves
Aqui predomina o biótopo de Sapal e Caniçal. Ao nível faunístico, são comuns as seguintes aves: a Águia-sapeira (Circus aeruginosus), a Garça-vermelha (Ardea Purpúrea). o Pato-real (Anas platyrhynchos), a Escrevedeira-dos-juncos (Emberiza juncidis ), a Fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis), a Alvéola-amarela (Motacilla flava), o Rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus), o Milhafre-preto (Milvus migrans) e a Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo).
O Rouxinol-pequeno-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus) e a Alvéola-amarela são mais frequentes durante o período estival. A Águia-sapeira (Circus aeruginosus) encontra-se dependente destas áreas para nidificar e como território de caça, alimentando-se de pequenos roedores. Assim, estas áreas proporcionam também, um excelente habitat de anfíbios, como por exemplo a Rã-verde, (Rana ridibunda) a rela (Hyla arbórea), o Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai) e, de roedores aquáticos, nomeadamente a Ratazana-de-água (Arvícola sapidus).
A Garça-vermelha (Ardea purpúrea) também nidifica no caniçal, é estival, chegando a esta zona, sensivelmente no mês de Abril e, partindo no final da época de reprodução.