O Gerês, ou mais propriamente, as Caldas do Gerês, pertencentes à freguesia de Vilar da Veiga, distam 43 Km a nordeste de Braga. A Serra do Gerês tem a direcção geral nordeste-sudoeste, sendo o seu comprimento de 35 km entre a Fonte Fria, 3 km a noroeste de Pitões no concelho de Montalegre, e o Rio Caldo, 5 km a sul das Caldas do Gerês.

A largura máxima desta serra exemplar é de 18 km. No cume dos Carris a serra atinge 1507 m de altitude, ficando junto da raia de Espanha o pico da Cabreira com 1534 m e o Altar dos Cabrões com 1544 m.
Tanto em fauna como em flora, a serra dos Gerês é a mais rica de Portugal. A esta riqueza singular aliam-se o deslumbramento dos panoramas e a abundância das águas que alimentam os rios Cávado e Homem.
Não admira por isso que o homem nela tenha deixado sinais da sua presença desde os tempos pré-históricos, reforçando o já notável valor ecológico com valiosos elementos culturais. Daí que tenha sido criado, em 1971, o Parque Nacional da Peneda-Gerês, que abrange a serra do Gerês entre o Cávado e o Lima, e parte da serra da Peneda, constituindo um todo com a área de 71 422 hectares.
De natureza granítica e beneficiando dum clima temperado atlântico e atingindo por vezes os 3000 mm de precipitação anual — o máximo registado em todo o continente português — a serra forma gigantescos anfiteatros. Os altos cumes encontram-se totalmente escalvados.
Flora do Gerês
Acima dos 1400 metros de altitude apenas subsiste o zimbro para além de arbustos rasteiros. Entre os 1400 e os 1200 m encontram-se o teixo, o vidoeiro e o pinheiro que por vezes atinge entre 15 e 20 m de altura, o que não sucede noutro lugar em Portugal.
Até aos 1200 m a arborização é densa, apresentando exemplares de grande porte, espécies arbóreas como o carvalho, o azereiro e o medronheiro, entre outras.
A íris boissieri é um lírio violáceo que apenas se vê no Gerês; outra flor violácea e também rosácea é a Pry-throninca deuscanis, produzida por uma árvore muito rara; a Hypericum androsaemum, de flor amarela, constitui o hipericão-do-gerês usado com fins medicinais.
Fauna do Gerês
Quanto à fauna, o Geres é a região do País mais rica em caça grossa, apesar de ter sido extinta, pela maléfica acção do homem, a cabra selvagem. Além de javalis e de lobos, a serra tem veados, texugos, lontras, martas, tourões, etc.
A águia-real, apesar de rara, persiste na vigilância das alturas do Gerês. Como também subsiste a perdiz-cinzenta, que é uma espécie pouco comum.
Jeira ou via romana do Gerês
A serra era atravessada pela jeira ou via militar romana que ia de Braga a Astorga; incluindo os encontrados no concelho de Braga, restam dela 35 marcos miliários, estando datados os da área do Gerês dos anos 79 e 353 d. C. Os povos serranos governaram-se durante séculos por um regime comunalista tradicional, escolhendo cada povoado os seus organismos próprios para zelarem os interesses comuns dos moradores; deste regime subsistem ainda alguns usos relativos à utilização de certas zonas de pastoreio.
Caldas do Gerês
Quem fala em Gerês e não é porventura um assíduo e grande conhecedor da região, pensa logo nas Caldas. As Caldas do Gerês pertencem à freguesia de Vilar da Veiga, e fez parte do concelho de Terras de Bouro, distando da sede concelhia 20 km. Situam-se na margem esquerda dum riacho homónimo da serra onde nasce, a 468 m de altitude, numa estreita garganta entre duas montanhas que rapidamente atingem os 900 m.
Protegidas dos raios do Sol durante quase todo o dia e rodeadas de denso arvoredo, as Caldas desfrutam de uma reconhecida amenidade de clima mesmo nos dias tórridos do Estio. Igualmente estão isentas quase por completo do assalto desabrido dos ventos.
A estância termal é constituída fundamentalmente por uma avenida densamente arborizada aconchegada a uma encosta abrupta de vegetação exuberante e fronteira a uma montanha com uma densíssima mata de pinheiros. No topo da avenida abre-se um frondoso parque rico em espécies arbóreas e com canteiros ajardinados.
As nascentes termais brotam no sopé dum escarpa quase vertical constituída por um granito por-firóide de cor rósea. As duas mais importantes são a Fonte Forte onde a água brota a 42 °C e a Fonte da Bica com a água à temperatura de 42,5 °C – esta é notável sobretudo pela sua fluoretação sódica, sendo administrada por via oral.
O tratamento termal, que implica cuidada vigilância médica, está indicado nas doenças de fígado e vesícula biliar, incluindo a litíase. A época termal vai de 15 de Maio a 15 de Outubro.
A uns oito km a norte das Caldas encontra-se a Portela de Leonte, a 875 m de altitude, situada entre os cumes do Pé do Cabril e o maciço da Borrageira, com a sua formosa cascata ou frecha na bacia do Homem. Uns 4 km ainda mais a norte encontra-se o lugar de Albergaria, uma bacia relativamente larga, toda ela coberta por denso arvoredo, protegida sobretudo a nascente por um cenário de montanhas sugestivamente decorativo.
Em Albergaria situa-se um posto de piscicultura com um fervilhar de trutas em viveiro. Dois km acima, continuando para Norte atinge-se a histórica Portela do Homem, a 822 m de altitude, numa garganta que desce para a Galiza. Foi este posto fronteriço atravessado em 1384 pela hoste invasora de Henrique de Trastâmara obrigada a retroceder acossada pelos pastores e pelos frades guerrilheiros comandados pelo abade de Santa Marta do Bouro, e a 6 de Junho de 1828 pelas tropas liberais sob o comando do futuro marquês de Sá de Bandeira após o fracasso da revolução liberal de 1828.
A nordeste das Caldas do Gerês, a seis km e a 829 m de altitude, surge a Pedra Bela, constituída por um aglomerado de penedos graníticos sobranceiro ao desfiladeiro das termas. Da Pedra Bela desfruta-se um panorama de beleza arrebatadora.
No sentido nascente, a 10 km, depara-se com a cascata do Arado, na qual as águas se precipitam de degrau em degrau refervendo em taças sucessivas. Do pico da Borrageira, a 10 km no sentido NE, constituído por um colossal amontoado granítico, que atinge os 1433 m, obtém-se uma vista de todo o Minho e de parte da Galiza.
Campo do Gerês
O Campo do Gerês é uma freguesia do concelho de Terras de Bouro e dista 15 km da sede de concelho. O Campo abriga-se nos contrafortes ocidentais da serra do Gerês e na parte meridional da serra Amarela. É também conhecido por São João do Campo. A ela pertencia a povoação de Vilarinho das Furnas, submersa pela barragem do mesmo nome, onde subsistiram até à sua destruição usanças antigas de regime comunitário — delas apenas resta a existência do forno comum e das vezeiras ou pastoreio comum.
As águas represadas pela barragem atravessam a serra do Geres num túnel com milhares de metros de comprimento, indo mover as turbinas situadas em Vilar da Veiga e aumentar depois o caudal.
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